Startup fundada por executivos que vieram da BMW vai fabricar autônomos
Enquanto as montadoras tradicionais trabalham em sua transformação digital, nasce uma fabricante de carros que pretende olhar apenas para o futuro, a Byton. Fundada na China em 2016, a companhia quer transformar o carro em um dispositivo tecnológico, uma plataforma digital e de transporte premium para ser vendida globalmente. Um aperitivo deste projeto já foi demonstrado durante a estreia da marca na CES Las Vegas, uma das principais feiras de tecnologia do mundo, onde a empresa apresentou a versão conceito de seu SUV elétrico e autônomo.
A Byton era conhecida até então como Future Mobility, startup criada por dois executivos que vieram da divisão i da BMW. O primeiro deles, Carsten Breitfeld, trabalhou na companhia por 20 anos. Daniel Kirchert, o segundo fundador, também atuou na fabricante alemã e teve ainda passagem pela Infiniti, marca premium da Nissan. Os dois acumulam ampla experiência na China e estabeleceram a sede da companhia ali. O plano, no entanto, é manter o negócio multicultural. Por isso há estrutura estabelecida também na Alemanha e no Vale do Silício.
CAPTAÇÃO DE US$ 1,1 BILHÃO
Por soar um tanto presunçoso que uma empresa recém-fundada queira entregar solução tecnológica que uma indústria de 100 anos de história ainda pena para desenvolver, mas alguns grandes resultados já foram alcançados. A Byton levantou US$ 1,1 bilhão em algumas rodadas de investimentos. A maior parte de empresas chinesas e, portanto, de forma indireta, do governo do País. O valor é extremamente relevante para uma startup de tecnologia, mas tímido se consideradas as proporções da indústria automotiva, que carrega a necessidade de investir pesado em unidades fabris, pesquisa e desenvolvimento, entre muitos outros aspectos.
Com o montante, a empresa finalizou a construção de uma planta em Nanjing, na China, para, inicialmente, 100 mil unidades por ano. O plano é aumentar os volumes para 300 mil carros anuais no médio prazo, com três modelos. Publicações da região apontam que a empresa deve fazer uma nova rodada de investimentos para captar mais US$ 400 milhões.
A TESLA DOS AUTÔNOMOS
Em apresentação na China, Daniel Kirchert, que além de fundador é presidente da companhia, declarou que o plano é que a Byton traga para o mercado de carros autônomos a novidade que a Tesla trouxe para os modelos elétricos há alguns anos. A versão de produção do utilitário esportivo elétrico e autônomo exibido pela marca durante a CES deve começar a ser vendido nos Estados Unidos em 2019 por US$ 45 mil – US$ 10 mil a mais do que o modelo mais barato da Tesla, o Model 3.
Com a ambição de transformar a experiência dos passageiros, o automóvel usa tecnologias como reconhecimento de voz e do rosto para uma série de funções, como o destravamento das portas. A versão conceito traz uma série de recursos ligados ao bem-estar dos ocupantes, como sensores que medem batimentos cardíacos e pressão sanguínea e podem identificar irregularidades e sugerir uma visita ao médico. “O carro será como um dispositivo wearable (vestível) que te dá conselhos importantes de saúde”, diz Kirchert.
O automóvel, inicialmente, será semiautônomo, mas após o lançamento poderá receber atualizações para chegar ao nível 5, com plena autonomia. A Byton trabalha no desenvolvimento da cadeia de fornecedores para produzir o modelo na China e já fechou com algumas parceiras importantes, como a Bosch.
Fonte: Automotive Business