Carro elétrico tem potencial para crescer rápido no Brasil, defende ABB

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Companhia negocia a instalação de pontos de recarga com rede de postos de abastecimento

Enquanto uma série de especialistas insiste em repetir que no Brasil não há espaço para carros elétricos por causa do forte domínio do etanol, que já seria uma fonte limpa de energia, Rafael Paniagua, presidente da ABB no País, defende que a tecnologia pode crescer rápido localmente nos próximos meses ou anos. Ele enumera como um dos principais motivos para isso é o grande potencial nacional de geração de energia limpa. “Temos hidrelétricas e condições perfeitas para ampliar a presença de usinas eólicas e solares. O Brasil tem muita sorte”, defende o executivo, natural da Espanha.

A ABB produz tecnologias de automação e indústria 4.0, além de pontos de abastecimento de veículos elétricos. Este ano a companhia lançou globalmente sistema de recarga ultrarrápida capaz de garantir autonomia de 200 quilômetros a um automóvel em apenas 8 minutos. No Brasil a companhia já tem instalados alguns pontos de recarga, em unidades da rede Graal nas estradas, por exemplo. Segundo Paniagua, o objetivo tem sido desenvolver parcerias para oferecer o serviço, como as já estabelecida com a CPFL, a Copel e a Itaipu.

Para Paniagua, garantir infraestrutura de recarga é justamente um dos passos essenciais para que os carros elétricos possam dar o primeiro passo para alcançar o potencial de crescimento que ele percebe no Brasil. Em seguida o executivo enumera a necessidade de diminuir os encargos sobre estes veículos, baixando enfim a alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que hoje está em 25% (atualmente a indústria automotiva negocia com o governo redução do tributo para 7%).

O terceiro ponto, destaca, é desenvolver um sistema para a venda de energia elétrica para o abastecimento dos veículos. Hoje só as concessionárias de energia podem efetuar esta negociação, o que torna inviável a instalação de infraestrutura de recarga mais robusta, que não seja completamente subsidiada pelas empresas. Paniagua projeta, no entanto, que este entrave não deve demorar muito a ser resolvido por insistência das companhias interessadas em atuar neste novo mercado. Segundo ele, a própria ABB negocia o fornecimento de pontos de recarga para uma grande rede de postos de gasolina no Brasil – sistema que só poderá funcionar com a regulamentação adequada.

CARRO ELÉTRICO TERIA IMPACTO PEQUENO NO CONSUMO DE ENERGIA

O presidente da companhia entende que o avanço local dos carros elétricos é inevitável, ainda que o governo brasileiro siga sem políticas para fomentar a tecnologia localmente. “Este mercado deve começar a crescer no segmento de veículos de luxo e, depois, entre os frotistas. Quando uma grande empresa perceber a vantagem operacional do carro elétrico ela vai batalhar para poder usar estes modelos em larga escala”, diz, citando a menor necessidade de manutenção e troca de peças e o gasto até 75% menor com combustível por quilômetro rodado.

Paniagua discorda com a teoria de que o Brasil não teria capacidade de gerar energia elétrica o bastante caso os veículos elétricos realmente ganhassem espaço localmente. Sem dar números precisos ele assegura que o consumo energético subiria poucos pontos porcentuais mesmo que a frota de carros eletrificados tivesse crescimento importante. “Conseguiríamos atender a esta demanda apenas com investimento em energia eólica ou solar”, diz.

Fonte: Automotive Business