Iniciativa é da Abravei, que criou o AVEX
Nem PBEV, nem NDEC, tampouco WLTP, EPA ou qualquer outro ciclo de teste. O Brasil acaba de ganhar a referência mais acurada para estabelecer a autonomia de carros elétricos: o AVEX – acrônimo de Autonomia de Veículos Elétricos com Base na Experiência do Usuário.
A iniciativa é da Abravei (Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Elétricos e Inovadores). A ideia nasceu no início deste ano, quando o Inmetro estabeleceu uma métrica nacional para divulgação da autonomia de veículos elétricos ao público, na qual houve redução média de 30% na comparação com os números até então divulgados pelas fabricantes, que se baseavam em padrões de outros mercados (europeu, americano ou chinês). Os índices, porém, mostraram-se bastante distantes daqueles obtidos em uso prático.
Esse é o grande valor do AVEX: ao contrário dos outros parâmetros, que são sempre calculados a partir de testes em laboratório, o índice criado pela Abravei indica a autonomia obtida no uso real, nas pistas e condições brasileiras, pelos próprios proprietários e motoristas de veículos elétricos.
Os resultados são públicos e podem ser consultados por qualquer interessado. Além disso a plataforma é colaborativa, o que significa que os números do AVEX não são congelados como o dos ciclos de laboratório, mas sim dinâmicos e atualizados constantemente. Outro ponto importante é que eles se baseiam na média dos resultados de autonomia alcançados a partir do uso de várias unidades de um mesmo modelo, e não apenas o de um único exemplar, como ocorre nos ambientes de teste.
Funciona assim: o motorista, usuário ou proprietário de um veículo elétrico acessa o site do AVEX e descreve em riqueza de detalhes a autonomia obtida em um trajeto de no mínimo 100 quilômetros: qual foi a topografia percorrida, a quantidade de pessoas no veículo, qual a temperatura externa média, o número de pessoas no veículo, uso do ar-condicionado, o local, o tipo de uso etc. O sistema recebe inclusive evidências dos dados inseridos, como fotos do painel do veículo com os números apontados. A seguir estas informações são validadas por uma banca da Abravei e só depois passam a fazer parte da base de dados que calcula a autonomia.
Mesmo que recém-lançado o sistema já conta com informações de nove modelos, e os resultados impressionam. Um exemplo é o Volvo XC40 P6, que obteve no AVEX autonomia mínima de 350 km e máxima de 411 km: no PBEV o alcance do modelo é apontado como sendo de 231 km e no WLTP 420 km.
Outro exemplo é o do Nissan Leaf: AVEX de 225 a 270 km para PBVE de 192 km, WLTP de 270 km e EPA de 243 km.
Rogério Markiewicz, presidente da Abravei, explica que “por meio do compartilhamento de experiências, relatadas com o devido contexto em que ocorreram, o AVEX tem como objetivo apresentar uma visão de quanto se consegue rodar com cada veículo, em diferentes condições de uso, baseado na realidade das ruas e estradas do Brasil. Afinal, não há ninguém melhor do que o usuário para falar sobre a autonomia do seu próprio veículo”.
Rodrigo de Almeida, vice-presidente da associação, complementa considerando que “como um dos principais obstáculos à decisão de compra ou uso de veículos elétricos está relacionado à sua autonomia, e como índices nacionais ou internacionais são apenas referências baseadas em testes padronizados, ficou clara a necessidade de compartilharmos a experiência de nossos associados e outros usuários que, desde 2015, conduzem veículos elétricos nas mais diversas situações”.
Ele avalia também que “o AVEX veio para contribuir com o mercado e com a sociedade, trazendo o componente que faltava aos índices de autonomia oficiais, que é justamente a pluralidade de situações de uso dos veículos elétricos pelos mais diversos perfis de usuário”.
Além de modelos 100% elétricos (BEVs), o AVEX também apresentará dados de autonomia de modelos híbridos plug-in (PHEV).
O site do AVEX é o https://www.avex.eco.br/.
Fonte: Use Elétrico